Cibernética


As origens da cibernética e sua reinvenção cultural

O termo cibernético originou dos princípios de controle e correção que as máquinas exercem ao executarem suas funções, processando informações, semelhante nos seres vivos e na sociedade.
Outro princípio importante consiste no sistema de realimentação das máquinas com informações sobre o próprio desempenho realizado a fim de compensar oscilações ou falhas em relação ao desempenho desejado - o feedback. Como nas máquinas, o princípio de realimentação observa-se no ser humano: de forma circular e a partir do sistema nervoso central, a coordenação dos movimentos vai para os músculos e reentra no sistema nervoso pelos órgãos dos sentidos. Corpo e cérebro foram criados num sistema de realimentação positiva, onde um modela o progresso do outro. É desse princípio circular que se deu o nome cibernético.
A cibernética sofreu debates técnico-científicos no passado e nos legou resíduos culturais hoje - a cibercultura que foi reinventada no ciborgue e no ciberespaço. Ela nos influencia na atual estrutura social num sistema de comunicação baseado na troca de mensagens culturais em linguagem binária (zero e um) - os bits. Temos como exemplo o WhatsApp e Redes Sociais largamente utilizados nos dias de hoje.
As máquinas e os seres vivos não são essencialmente diferentes porque a execução daquelas depende de texto descrito em código binário - o software - e os organismos dependem de texto descrito em código genético - o DNA, para seu funcionamento.
O elo entre o homem e a máquina - a interface não se dá por imagem visual, mas pelo que está atrás dela. A imagem gerada pelo computador através dos pixels (unidade de imagem que contém as cores azul, verde e vermelha) é que faz sentido para o homem, resultado da execução de códigos textuais contidos nele.
O intercâmbio entre máquina e organismo é compatível, inexiste descontinuidade entre eles, e forma uma nova raça - o ciborgue, fruto da biônica com a cibernética. Mas enquanto o sistema eletro-mecânico das máquinas executa cálculos padronizados, prever o futuro é inerente ao ser humano. Na ficção dos filmes os ciborgues são reinvenções biônicas, prolongamentos da natureza onde o homem natural é melhorado com acoplamentos de tecnologia como nos filmes Matrix e Exterminador do futuro.
No mundo real, a medicina implanta marca-passos no peito do ser humano controlando as funções do coração. Próteses em corpos mutilados agregam tecnologia e dá condições de uma vida melhor aos pacientes. Possibilitam também aos pára-atletas competirem em maratonas e olimpíadas. Na estética corporal ou facial, o objetivo do belo é proporcionado por tecnologias nas próteses estéticas, nas máquinas de musculação das academias, nas técnicas cirúrgicas associadas à tecnologia dos remédios e alimentos - a biotecnologia.
Tanto na medicina quanto na estética e em outros setores, essa tecnologia vem aumentando sua precisão nos tratamentos com a nanotecnologia - uma parte da ciência que manipula átomos e moléculas a favor da saúde, da beleza e outros afins.
Os limites do ciberespaço são notáveis quando o virtual se confunde com o real. Somos seres virtuais e constatamos que estamos lidando com a realidade quando ele nos dá uma resposta real de nossas atitudes virtuais, pois nossas atividades são registradas por ele quando o utilizamos. Quanto mais amigáveis somos com o ciberespaço, mais nos tornamos cibernéticos, uma extensão dele. Atualmente, o hacker é um exemplo disto. Sujeito virtual e decifrador de códigos secretos, é uma extensão do homem e referência da cibercultura.

O conhecimento como característica da humanidade


Nas várias espécies animais existentes sobre a terra, encontramos formas de relacionamento que nos fazem pensar na existência de mecanismos que ordenam sua vida comunitária.
Os animais se agrupam, convivem, se acasalam, sobrevivem e se reproduzem em função de sua potencialidade e do ambiente em que vivem. Desenvolvem seu estilo próprio de vida e estabelecem para isso, modelos complexos, com sistemas de acasalamento, alojamento, migração, defesa e alimentação.
O homem, como uma dentre as várias espécies existentes, desenvolveu processos de convivência, reprodução, acasalamento e defesa. Desse modo, apresenta ações e reações que se desenvolvem de forma mecânica, dispensando aprendizados como respirar, engatinhar, sentir fome, medo ou frio.
Mas o homem também desenvolve habilidades que dependem de aprendizado e adquire diferentes formas de comportamento. Como exemplo, as crianças aprendem como comer, beber, dormir em horários regulares, brincar e obedecer. Na fase adulta aprenderão a trabalhar, comerciar, administrar e governar. As gerações anteriores transmitem às mais novas suas experiências e conhecimentos. Por isso ele se distingue das demais espécies porque nem todo comportamento se desenvolve automaticamente nem é transmitido aos seus descendentes. Prova disso é que se isolarmos um ser humano, ele cresce como os outros, de forma humana. No entanto, o aprendizado se dá com seus semelhantes, impossíveis no isolamento.
Dentre os demais animais, ocorre o contrário. Suas atitudes e capacidades decorrem de seus semelhantes e de suas características genéticas – por exemplo, o instinto.
A única espécie que pensa é a Homo sapiens. É capaz de imaginar ações e reações de forma simbólica, mesmo na ausência de estímulos concretos. Diferencia experiências no tempo e projeta ações futuras. Ele é capaz de separar, agrupar, classificar, dar significado e avaliar o mundo que o cerca. Dessa habilidade nasceu a cultura humana, através da informação ou conhecimento transmitido à descendência criando formas próprias de sociabilidade. É por isso que encontramos essa rica diversidade cultural no homem. Não é apenas herança de uma estrutura genética, mas de ações e reações advindas da experiência particular vividas por um grupo de homens.
 
As culturas humanas como processo do conhecimento
O conhecimento humano advém da capacidade de pensar o mundo e dar significado à realidade que o cerca.
Podendo escolher, julgar e pensar sobre situações passadas e futuras, o homem passou da simples experiência imediata a explicações que remetem ao conhecimento sobre si e do mundo à sua volta.
Dessa forma, a ação humana ganhou significados e pode ser interpretada e partilhada entre os grupos humanos.
Quando os homens, ao enfrentarem novos obstáculos, novas relações se estabelecem para atender às suas necessidades, gerando mudanças e adaptações ao novo.
Em contrapartida, as culturas humanas tendem à ritualização e repetição de fatos aceitos por um determinado grupo humano como sendo a melhor forma, e, ao se repetirem, transformam-se em ritual amparadas na tradição e no aprendizado.
Todas as culturas apresentam padrões igualmente abstratos e significativos. Elas representam a possibilidade de mudança e adaptação. A própria forma de vida gera novas necessidades que o homem procurará satisfazê-las.
As diferentes culturas são essencialmente dinâmicas promovendo mecanismos de ajustes permanentes.
As diferenças culturais mostram que não se tratam de qualidade ou de nível, mas de circunstâncias que as cercaram.
Contadores de histórias de outrora, são de mesma complexidade que as histórias veiculadas pela escrita.
A capacidade simbólica e os padrões de todas as culturas humanas são igualmente abstratos e significativos dando compreensão do mundo.

A ciência como ramo do conhecimento
Com a necessidade de prever o transbordamento do Rio Nilo e restabelecer fronteiras, os egípcios tinham grande conhecimento de geometria – medição da terra.
Utilizavam esse conhecimento também para construções arquitetônicas e associavam esse saber a questões fundamentais de sua cultura, como vida pós-morte, deuses e hierarquia entre os homens.
Diferente dos egípcios, os gregos foram os precursores da ciência - atividade com objetivos próprios, menos preocupados com religião e vida pós-morte.

O milagre grego – o espírito especulativo
Na busca da compreensão dos princípios que movem o mundo e as coisas, os gregos criaram diversas disciplinas como geometria, aritmética e astronomia e deram um passo decisivo.
As disciplinas procuram desvendar, pela razão, a sua formação, longe da ação dos deuses, criando uma ruptura com o mundo mítico.
Os egípcios acreditavam na ressurreição e queriam conservar os cadáveres. Daí elaborou princípios de biologia e química.
O abandono pela explicação mítica e pela interferência das forças sobrenaturais, deu-se o milagre grego, dando um salto para o conhecimento. O saber é obtido pela abstração dirigida pela razão. O pensamento racional é cada vez mais exigido para anteceder à ação.
Desse comportamento, originou a expansão comercial e pôs o homem grego em contato com outras culturas। O surgimento da moeda organizou a economia. A escrita e a criação das leis ordenaram os direitos do cidadão. A urbanização das cidades rompeu com interesses e hierarquias da sociedade agrícola. Esses fatores foram decisivos para a transformação social e econômica do povo grego.

A razão a serviço do indivíduo e da sociedade
Após a queda do Império Romano, a razão deixa de ser a melhor forma de explicação do mundo.
No período de grande poder da Igreja Católica durante a Idade Média, a razão passou a ser um instrumento auxiliar da fé e passaram a condicionar o comportamento humano e social.
Apenas as ordens religiosas tinham acesso ao saber como filosofia, geometria e astronomia, deixando o restante da população à deriva, sem participar dele.
O homem retorna ao prazer de investigar o mundo no Renascimento, através de textos antigos, independente de suas implicações religiosas.
A ciência destinada ao constante progresso e à descoberta da relação entre as coisas, das leis que regem o mundo natural, vem assistindo suas ideias e interpretações lógico-científicas e a seu constante progresso nos últimos quatrocentos anos. Técnicas e utensílios de medição são aprimorados. A imprensa e os meios de comunicação transmitem cada vez mais informações e consequentemente o saber.
Da preocupação do homem com seu mundo e sua vida em grupo, surgiu o aprimoramento de ideias e com elas, uma ciência nova – a sociologia. Sob uma nova perspectiva livre de tradições morais e religiosas, desencadeou-se a preocupação com as regras que organizavam a vida social que pudessem ser medidas, observadas e comprovadas.
Com a sociologia, as questões relativas à vida social deixaram de ser tratadas como tema religioso ou de senso comum.

A sociologia: um conhecimento de todos
Desde o reconhecimento da sociologia como exploração ao procedimento científico até à atualidade, estabeleceu-se uma comunicação permanente entre pesquisadores e puderam submeter suas teorias a questionamentos, revisão e comprovação.
Das pesquisas sociológicas originaram o vocabulário do cotidiano. Expressões como: movimento social, contexto social, classes sociais, camadas sociais, conflito social, são hoje largamente veiculadas na mídia.
A aceitação da regularidade num fato social responde às leis da vida social e essas leis são passíveis de serem observadas e apreendidas. Resulta que pode-se prever com certa margem de acerto, eventos futuros de uma determinada sociedade podendo interferir em determinados processos.
A exemplo disso, quando se diz que um governante conta com o apoio de 60% da população, subtende-se que pesquisas foram realizadas sobre a opinião de um numero delimitado de cidadãos que expressaram sua opinião.
O cidadão, mesmo desconhecendo a metodologia da pesquisa de opinião, sabe que existem meios mais ou menos eficazes de desvendar a opinião de uma população pela investigação de uma amostra.
 
A utilidade da sociologia nos diversos campos da atividade humana
Todos os passos importantes na comercialização de um produto, desde sua criação até sua campanha publicitária e distribuição, baseiam-se em pesquisas de opinião e comportamento.
Quando um fabricante deseja lançar um produto no mercado, efetua uma série de pesquisas para determinar qual é o comprador típico desse produto. Averigua como competir com produtos equivalentes já existentes no mercado, levando o consumidor a uma escolha, seja pela embalagem, qualidade ou preço.
A sociedade tem características que precisam ser conhecidas para que aqueles que nela atuam tenham sucesso.
Em todo setor da vida, os conhecimentos sociológicos são de ampla utilidade e são obtidos nos meios de comunicação e na atuação profissional das pessoas. É por isso que a sociologia faz parte dos programas universitários na preparação de diversos profissionais.
Hoje, a sociologia é uma ciência que se define não por seu objeto de estudo, mas por sua abordagem – pela forma como pesquisa, analisa e interpreta os fenômenos sociais.
 
Desafios da sociologia de hoje
O capitalismo e a globalização vive hoje uma profunda reestruturação que estão exigindo dos cidadãos, dos governantes e das nações, uma revisão completa não só de conceitos como de mecanismos de funcionamento da sociedade । Essa reestruturação torna necessário o desenvolvimento da capacidade em entender e projetar o rumo dos acontecimentos.
A sociedade contemporânea, globalizada e competitiva, exige um redimensionamento de padrões de comportamento social que extingue o não planejamento, exige a retomada da divisão social do trabalho, estado nacional e democracia. Valores básicos da sociedade capitalista como o trabalho, são deixados em segundo plano, enquanto o lazer e o consumo são transformados em regras sociais. Nesse contexto, a ciência da sociedade ganha nova importância e se confronta com novos desafios.